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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Guardando a Chuva

Chovia, não uma chuvinha qualquer, uma chuvarada, daquelas que guarda chuva é enfeite mesmo. Mariana, Ana para alguns, Mari para outros, é uma garota normal, dois olhos, uma boca, pernas, braços, piercing em outros lugares, até pai e mãe tem. Normalíssima, assim como qualquer outra garota vivendo a plenitude de sua adolescência, pensam assim seus familiares, amigos, colegas de faculdade.
Mari, ou Ana, como você preferir, em tardes como essa, onde o mundo parece que vai acabar sem nem nos dar tempo de ganhar na mega-sena, terminar aquele livro que está pela metade, contar a verdade sobre a paixão há anos reprimida de colecionar figurinha do campeonato brasileiro, ela vai pra rua.
Tênis All Star preto cano longo, bermuda jeans surrada, camiseta do Corinthians, ela simplesmente sai, na chuva óbvio, os cabelos negros compridos grudam em sua face encobrindo o par de bolitas verdes de seu rosto, sua boca se abre num sorriso que parece engolir o mundo, ou ao menos todos os pingos possíveis. Pulando em sarjetas, correndo por entre a profusão de guarda-chuvas atraindo olhares espantados ela está radiante. As gotas pesadas se fundem ao seu corpo magro enquanto ela corre sem rumo, cruzando escolhas de vida sem olhar para os lados com uma certeza impassível que está no caminho, deixando em seu rastro todos os pensamentos que pesavam em seu corpo.
Ao chegar, encharcada depara-se com sua mãe, de toalha na mão já pensando na resposta padrão de Mari, ou Ana, em dias como este “esqueci de levar guarda-chuva...”.

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