Postado diante da janela de seu apartamento no topo da avenida Leonardo da Vinci, Pedro Augusto via a cidade se derramar aos seus pés. Olhando ansiosamente para aquele céu de junho podia sentir as nuvens alaranjadas correndo com o bafo gelado. Não demoraria muito para que as gotas lavassem o solo daquela redoma com pouco mais de 60 mil almas. Tentando esquentar as mãos dentro do bolso do terno, esfriadas ao preparar o uísque com gelo, escutou a caixa de elevação aos céus apitar. O suntuoso apartamento permitia o desembarque do elevador diretamente na sala de visitas. Os passos sobre a madeira aproximaram-se vagarosamente ampliando a aflição. Ao sentir o vulto a suas costas virou-se defronte a sombra e indagou:
-Você?